quarta-feira, julho 27, 2011

Algar da Marradinhas II

Visita - 23 de Julho 2011
Folha 318 IGE ed. 2004 - Mira de Aire (Porto de Mós)
Coordenada -


Equipagem: 1 Corda de 30m - poço de entrada e apoio até à galeria; 1 Corda de 80m - poços sucessivos no Meandro, sempre com AN.

O Algar da Marradinhas II tem fama de algar vistoso e realmente temos de dar a mão à palmatória. Tem inúmeros aspectos a observar, uma dimensão bem razoável e um estado de conservação muito bom.Tudo junto teve como consequência que a sua exploração forneceu-me mais um record. O meu maior tempo de permanência no interior de um algar. Está agora em cerca de 8h.
O Nuno na saída do algar
O Algar não exige tanto tempo para a exploração completa, mas eu ainda estou a adquirir competência e mobilidade na exploração, pelo que gastamos muito tempo na equipagem e na exploração propriamente dita. Isto é, andamos a aprender e sem pisar o risco em termos de exigência técnica e física.

A entrada do Algar é mais agreste que a do "Zé de Braga". A ausência de vegetação arbórea e arbustiva a protegê-lo, bem como a sua reduzida dimensão devem ser as razões pelas quais não se observaram anfíbios no seu interior). Se para estes simpáticos animais a entrada (acidental) no algar é difícil, para nós também deu algum trabalho. Refira-se que fizemos a entrada mais fácil. Evitamos o P19. Para dizer a verdade, mesmo não contando fazer a sua descida, não demos com o acesso ao seu inicio no final do P6 de entrada, isto apesar de levarmos connosco o croqui do algar publicado por Fernandes, J. e Canais, F. (1999).
Montamos o campo base na Sala do Refeitório e fizemos a partir daí 3 raids: Para Oeste a Sala Grande; para Este as Salas dos Cristais, Tubiformes e Galeria das Argilas; e para Norte o Meandro.

Pelo meio um belo almoço, com muita água (e não só) e um belo café quentinho que, apesar do aspecto manhoso dos grãos, soube melhor que todas as bicas da ultima semana. Grande ideia Nuno!

Espeleotemas: Maças
Na Sala Grande, avisados pelo erro de interpretação do croqui no Algar do Zé de Braga, gastamos muito tempo a descobrir a passagem para um nível de argilas no final da sala. Existiam inúmeras hipóteses, mas a que nos pareceu mais fácil obrigou-me a, pela primeira vez, espalmar-me sobre uma passagem de argilas de tal maneira que sujei o meu "rodcle" novo todo (não se faz). Mas a passagem revelou-se bem interessante, pois no seu final, aprecia um gour cheio de água e um gour fóssil com umas formações super interessantes (ver foto). Ainda não tinha estado num nível colmatado por argilas. Fica-se com uma ideia muito diferente sobre o que é a "terra rossa".

O Meandro é um paradoxo. Os primeiros níveis apresentam paredes concrecionadas, lisas, com um crescimento bem activo. O nível mais baixo apresenta um calcário em dissolução forte, com fendas profundas, arestas muito vivas e intimidantes. Não exploramos na sua totalidade esta parte do Algar, o Nuno ainda desceu o ultimo poço identificado no croqui, mas não avançou para as ultimas galerias. O tempo esgotava-se, os 90% de humidade já se faziam sentir e apesar de uns frescos 17C o cansaço instalava-se e, "last but not least", o meu frontal resolveu entrar em greve (mais um erro - as pilhas suplentes ficaram no refeitório) na precisa altura em que o Nuno descia o ultimo poço. Mudei para o frontal de reserva, mas o principal voltou a trabalhar a meio da ascensão. 

Este é um algar que merece de facto uma visita. Nós decerto voltaremos pois ficaram alguns aspectos por observar e algumas galerias por explorar


Aspecto do exterior na boca do algar. Olival bem aberto.

Espeleotemas: derreteram a couve flor ?



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