quarta-feira, agosto 01, 2012

O que é a espeleologia

... uma visão pessoal,

Esta, que podia ser uma pergunta com resposta simples, encontra demasiadas variações de modo que, por vezes, é possível assistir a discussões acesas sobre o que é exactamente a espeleologia.
Numa coisa todos concordamos. Espeleologia, etimologicamente, resulta da utilização de dois vocábulos gregos, spelaion (caverna, gruta) e logos (estudo), pelo que podemos afirmar com toda a clareza que Espeleologia é o estudo das cavernas, grutas, algares e outras ambientes subterrâneos.
Tudo se torna mais complexo quando aprofundamos a realidade espeleológica e, rapidamente, percebemos que existem ramificações em praticamente todas as áreas de actividade humana: Geologia, Biologia, Arqueologia, Antropologia, Turismo, Desporto, Economia, Fotografia, Cartografia, Topografia, etc...
Numa perspectiva simplista podemos dividir a Espeleologia em duas vertentes: a científica, na qual cientistas (espeleólogos ou não) estudam, analisam e constroem modelos, explicações e hipóteses para questões que explicam o mundo em que vivemos e; a lúdica, em que pessoas "normais" (espeleólogos ou não) desfrutam do prazer de visitar ambientes subterrâneos que colocam desafios pessoais muitas vezes de grande intensidade.
Entre estas duas visões, científica e lúdica, conseguimos enquadrar quase toda a actividade espeleológica Tentamos contribuir para o aprofundar do conhecimento do património espeleológico português, mas tentamos também, dar a conhecer ao maior número possível de pessoas as especificidades destes ambientes, desmistificando medos e sobretudo aumentando o reconhecimento que vise a sua conservação.
A unir ambas as visões existem uma série de requisitos técnicos, que dependem de um processo de aprendizagem longo e que asseguram a exploração destes ambientes subterrâneos em segurança e com fiabilidade. De facto, a actividade espeleológica quer seja realizada numa perspectiva científica quer na perspectiva lúdica, implica riscos elevados, é exigente fisicamente, depende da aplicação de inúmeros procedimentos e pode dar origem a acidentes e incidentes de gravidade não devendo em nenhuma circunstância ser entendida como uma actividade banal de dificuldade reduzida e disponível para todos em todas as circunstâncias.
Os ambientes subterrâneos são demasiado diversificados e de enorme complexidade, em extensão, profundidade, localização, que a sua exploração (mais uma vez científica e/ou lúdica) deve ser abordada com um conhecimento elevado dos limites individuais de cada um e sobretudo de quem nos acompanha, por forma a transformar uma actividade potencialmente arriscada numa actividade com riscos minimizáveis pela prática de bons procedimentos.


A vida pode ser dura, muito dura lá em baixo. Frio, água, lama, escuridão, espaços apertados, arestas aguçadas, poços profundos, equipamento pesado, mas o prazer de explorar está-nos enraizado e a alegria de incluir grupos de "malucos" imbuídos de um espírito de aventura e partilha dessa dureza faz-nos ultrapassar muitos limites.

Também publicado aqui.

Sem comentários: