quarta-feira, agosto 22, 2012

Espeleologia ... arriscada ou com riscos

Uma das afirmações relativas a definição de espeleologia como actividade, é a de a aceitarmos como sendo uma actividade com riscos em vez de a tornarmos uma actividade arriscada. Isto consegue-se através da adopção de medidas e procedimentos de segurança apertados ou pelo menos exigentes (com sapiência e sem fundamentalismos).

Eu já tenho a minha cota parte de incidentes. Desde os que não dependem de nós como foi o caso da queda de um bloco de várias centenas de kgs aos meus pés (no Mindinho) à queda de um mosquetão de um companheiro que após vários ricochetes me fez um golpe no nariz (pequenino, o golpe).

E também já assisti a situações mais complicadas com outros companheiros. Felizmente sempre dentro dos limites do aceitável e quase sempre não decorrentes de atitudes e/ou comportamentos arriscados, na maioria dos casos impossíveis de evitar (os verdadeiros acidentes). Mas também já assisti a uma ou duas situações bem arrepiantes em que, o excesso de confiança, leva as pessoas a assumirem riscos absolutamente desnecessários.

Vem isto a propósito do artigo que se segue, que deveria ser de leitura obrigatória em todos os cursos de espeleologia. Encontrei-o aqui e julgo que é mesmo um dos artigos mais importantes e interessantes que li sobre espeleologia.

Uma leitura atenta permite-nos perceber que cada caso, é um caso. Talvez não existam duas situações iguais, mas é inegável que as situações que conduzem ao acidente e nos casos relatados à morte, são, podemos dizê-lo, frequentes. Sobretudo se pensarmos na quantidade de incidentes que ocorrem e que (felizmente) não têm consequências tão trágicas.

Por outro lado se forem menos pacientes leiam as conclusões da página 20 que resume do seguinte modo os casos de morte em actividade espeleológica: 36 casos (43,9%) por afogamento (leiam bem os detalhes porque só metade destes casos correspondem a situações de espeleomergulho); 42 casos (51,2%) em espeleologia vertical (7 casos na corda e 35 de queda vertical). De notar que o artigo é de 1999 e que os dados reportam a situações anteriores a 1997. Já passaram 15 anos. Melhorou, piorou?

Nada como um "reality check" para descer à terra: rever procedimentos; olhar para o equipamento; estudar movimentos; reconhecer as nossas limitações e enfrentar com consciência os nossos limites.
EXPLORACIONS 18. Barcelona 1999. Accidentes mortales en la espeleología española (1929-1997)

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